Desta vez o nosso amigo Leonel Gaúcho estava de passeio na cidade de Juara, tivemos a ideia de pescar e caçar por alguns dias, convidamos o Russo, o Velho Batista e o Aurimar para essa aventura, usamos o veículo rural e com o barco puxado pela carreta, embarcamos uns oito cachorros entre eles o Violento, cão estimado de caça de minha propriedade.

Depois de vários dias na beira do Rio dos Peixe, já contávamos com uns quinhentos quilos de peixe e uma espécie de cada animal silvestre conhecido pelos mais famosos caçadores da região do Vale do Arinos,

As refeições naqueles dias eram feitas alí mesmo na beira do rio, essas refeições foram feitas pelo Leonel Gaúcho, não nos preocupávamos com cuidar ou limpar os produtos de nossa aventura, até solicitei para fazer um filé de Capivara e a resposta foi que o melhor deveríamos levar para casa, acho que a ordem partiu do Russo, nem imaginávamos o quanto isso nos custaria muito caro, comemos foi carne de pescoço, para guardar os melhores pedaços, bem repartidos e preparados pelo Russo,

Quando resolvemos desarmar o acampamento final de nossa aventura, já na camioneta, ainda tentei retardar a viagem com os amigos, mas não adiantou, rumamos para casa.

Na viajem de volta para Juara, deparamos com os homens da fiscalização da lei, IBAMA, logo um calibre doze cruzou nosso caminho, fora outros tipos de escopeta que assustou um pouco a companheirada, não revidamos e fomos logo entregando todo o nosso material bélico, duas espingardas, uma pistola e um resolver, diga-se de estimação do Velho Batista, com aquela arma ele acertava o olho de um piolho cerca de trinta metros de distância, sem ao menos mirar, fomos todos autuados, carimbados e rotulados pelos homens da lei

Quando nos apresentamos na delegacia da cidade de Juara, de imediato os militares pediram todos os nossos documentos de identificação, e queriam também saber os nome de todos os cachorros que havíamos levado para a caçada, fui logo dizendo, aquele grandão é o Alegre, aquela é a Princesa, esse é o Violento e esse é o Carioca, um dos fiscais foi tirar uma brincadeira comigo e quis saber o sobrenome do latente, olhei no seu crachá e disse é Senha, o camarada pensou um pouco e me desceu a borracha nas costas.

Braveza daqui, braveza dali, discussão daqui, discussão dali, acabamos por fazer um acordo com os homens da lei, doaríamos tudo para o IBAMA, nos arrependíamos e seríamos aliviados no processo, foi justo, sei que teve criança na creche que ficou foi muito contente, peixe e carne para mais de um mês, o mais difícil foi aturar os amigos que juram terem visto nosso pessoal desfilar com couro de bicho nas costas em plena Avenida Arinos e em dia de comício político para deputado naquela época que foi o candidato Salim.

História de pescador e Professor Antonio Telles quando morador de Juara